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quinta-feira, 20 de março de 2014

Rio Xingu - Os melhores pontos para pescaria

O rio Xingu nasce em Mato Grosso, ao norte da região do Planalto Central, na união entre as serras do Roncador e Formosa, aos 600m de altitude. O rio cruza a fronteira com o estado do Pará, onde corre quase unicamente pelo município de Altamira (que com 159.696 km², é o maior município do Brasil e do mundo)
Fonte: Portal Paramazônia  Foto: Gazeta

Entre todos os rios do Brasil, o Xingu pode ser considerado o de maior apelo místico. Suas margens são povoadas há séculos por diversas etnias indígenas, que vivem ao longo de seus quase 2 mil quilômetros de extensão. Ele já testemunhou - e continua - todo o processo histórico de ocupação dessas terras.

É preciso conhecer a parte central do Parque Indígena Xingu, praticamente inviolada, para tentar compreender como era a vida dos primeiros brasileiros e, sobretudo, pescar nas águas que ainda abrigam peixes com a mesma quantidade e tamanho de 500 anos atrás.

A ictiofauna do local é riquíssima em espécies, e apresenta vários casos de endemismo (espécies restritas a uma só área). Trabalhos científicos recentes revelaram a ocorrência de cerca de cem espécies de peixe nas corredeiras localizadas na área de Altamira, no Pará.

Entre os anos de 2 000 e 2 001, os estudos realizados no terço inferior do rio registraram pelo menos mais 231 tipos. Com base nos registros disponíveis, chega-se ao impressionante número de 387 espécies de peixes, somente numa pequena parte da bacia dos rios Xingu e Iriri. Essa riqueza é a segunda maior, perde apenas para o rio Negro.

Porém a vida aquática desse santuário de preservação vive sob ameaça de duas usinas hidrelétricas. Uma construída pelo governo do Mato Grosso, no rio Kuluene, principal formador do Xingu. A outra ainda em discussão: é a UHE de Belo Monte, próximo a Altamira, que impediria a chegada dos grandes bagres migradores à região.

Entre os diversos pontos explorados, merecem destaque:

1. Rio Kuluene - suas águas são mais propícias aos peixes de couro devido aos sedimentos que carregam e tornam sua aparência mais escura e turva. Quando chove, as águas do rio ficam ainda mais escuras e piscosas para os peixes lisos. Não é a melhor opção para tucunarés, cachorras e matrinxãs, mas é praticamente o único local da área para cachorras-facão.

2. Rio Ronuro (até próximo à foz do rio Von Den Steinen) - é a melhor opção para a pesca de bicudas, trairões e tucunarés, que chegam aos 6 quilos e estão presentes em grande número. Os trairões substituem os tucunas em quantidade e ações entre os meses de setembro e novembro.

As bicudas também são encontradas em todo o percurso do rio, em beiras de praia e corredeiras. No restante de sua extensão, a água é limpa, com lagos e trechos do rio permeados por pedras, o que favorece a pesca de trairões e tucunarés. Na região, há lagos nos quais certamente ninguém pescou esportivamente.

3. Rio Batovi
É um rio estreito, mas de águas limpas. Muito bom para a pesca de cachorras-largas e peixes de couro. Pode-se capturar pirararas, barbados e surubins. Há também relatos da presença de piraíbas.

4. Rio Xingu
O encontro dos três rios – Kuluene, Batovi e Ronuro – é, sem dúvida, o melhor ponto de pesca do local. Nesse trecho, pode-se fisgar uma grande variedade de peixes de couro: jaús, armaus, barbados, surubins, piraíbas e pirararas, entre outros.

Além das bicudas enormes e, sobretudo, a estrela da área, a cachorra-larga com até 13 quilos, que podem ser capturadas com metal jigs e enormes iscas plásticas semelhantes às usadas para a pesca da garoupa no mar, os conhecidos “shadões”.

Nesse local já foram fisgadas piraíbas gigantescas, entre 1,6 e 2,15 metros de comprimento, bem como um jaú com quase 40 quilos, pego no metal jig.

Ainda existem pedrais com grande concentração de bicudas, piranhas (dos tipos “camari” e preta), trairões e cachorras. Essa área é uma excelente opção para pesca desembarcada.

Texto Ian de Sulocki
Revista Pesca Esportiva